
David Malpass, presidente do Grupo Banco Mundial Crédito: Divulgação
A dívida dos países de baixa renda em todo o mundo aumentou em 12%, atingindo o recorde de US$ 860 bilhões em 2020, mesmo com as iniciativas dos governos de responder aos impactos econômicos e de saúde provocados pela pandemia do Covid-19, disse David Malpass, presidente do Banco Mundial durante coletiva virtual de abertura das reuniões anuais de 2021 do Grupo Banco Mundial.
“É necessária uma abordagem abrangente para o problema, que inclui redução da dívida, reestruturação mais rápida e maior transparência”, observou Malpass, presidente do Grupo B. “Níveis de dívida sustentáveis são vitais para a recuperação econômica e redução da pobreza.”
Desde o início da pandemia, o Grupo Banco Mundial destinou mais de USD 157 000 milhões para combater os impactos sanitários, econômicos e sociais do Covid-19, o que representa a maior e mais rápida resposta da história da instituição frente uma crise. O financiamento está ajudando mais de 100 países.
Mesmo antes da pandemia, segundo Malpass, muitos países de baixa e média renda se encontravam em uma posição vulnerável, decorrentes da desaceleração do crescimento econômico e da alta dívida pública e externa. O volume da dívida externa dos países de renda baixa e média combinados aumentou 5,3% naquele ano, atingindo US$ 8,7 trilhões, conforme o novo relatório Estatísticas da Dívida Internacional.
O declínio nos indicadores da dívida foi generalizado e afetou os países em todas as regiões. Em todos os países de renda baixa e média, o aumento do endividamento externo ultrapassou o crescimento da renda nacional bruta (RNB) e das exportações.
De acordo com o presidente do Banco Mundial, a relação entre a dívida externa e RNB destes países (excluindo a China) aumentou de 37% em 2019 para 42% em 2020, enquanto a relação entre dívida e exportações aumentou de 126% em 2019 para 154% em 2020.
Suspensão da dívida
A pedido do Grupo Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Grupo dos Vinte apresentou, em abril de 2020, a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) para fornecer apoio temporário de liquidez a países de baixa renda. Concordaram, em seguida, ampliar o período de diferimento até o final de 2021.
Em novembro de 2020, o Grupo dos Vinte concordou com um Quadro Comum para Tratamentos de Dívida além do DSSI, uma iniciativa orientada para a reestruturação de endividamentos insustentáveis e déficit de financiamento prolongados em países elegíveis para a iniciativa DDSI.
No total, as entradas líquidas dos países de renda baixa e média de credores multilaterais chegaram a US $117 bilhões em 2020, o nível mais alto em uma década.
As entradas líquidas de dívidas pública externa dos países de baixa renda aumentaram 25%, para US$ 71 bilhões, também o nível mais alto dos últimos dez anos. Os credores multilaterais, incluindo o FMI, contribuíram com US$42 bilhões em entradas líquidas, enquanto os credores bilaterais forneceram outros US$10 bilhões.
Segundo Malpass, um maior nível de transparência da dívida é essencial para enfrentar os riscos representados pelo aumento do endividamento em muitos países em desenvolvimento.
O Banco Mundia também está oferecendo assistência a mais de 50 países de renda baixa e média, mais da metade dos quais estão na África, para a compra e distribuição de vacinas contra a COVID-19, e oferecerá USD 20 000 milhões em financiamento para este propósito até o fim de 2022.