
William Maloney, economista chefe para América Latina e Caribe do Banco Mundial Crédito: Divulgação
O Banco Mundial estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil será de 0,7%, conforme o relatório semestral Região da América Latina e Caribe (ALC), divulgado nesta quinta-feira, 7. Dos 28 países da região, a economia brasileira apresentou o segundo pior desempenho da região, ficando atrás apenas do Haiti com retração de 0,4%.
De acordo com o Banco Mundial, a projeção para o crescimento regional do PIB foi atualizada após a invasão russa na Ucrânia e deve apresentar um declínio de 0,4%. Isso significa que a projeção inicial do órgão para o PIB brasileiro em 2022 era de 1,4%.
Essas projeções modestas posicionam o desempenho regional entre os mais baixos do mundo em um período em que a região enfrenta grandes incertezas, com o possível surgimento de novas variantes do vírus, a escalada da pressão inflacionária e a guerra na Europa que ameaçam a recuperação mundial, segundo o relatório.
Impacto das mudanças climáticas
O relatório destaca que, ao longo das duas últimas décadas, os países da América Latina e do Caribe perderam o equivalente a 1,7% por cento do PIB de um ano, devido a desastres relacionados ao clima e até 5,8 milhões de pessoas na região podem ser empurradas para a pobreza extrema até 2030.
A agricultura pode ser gravemente atingida, com colheitas reduzidas em quase todos os países, e a estabilidade da geração de energia pode ser prejudicada pelas mudanças nos ciclos hidrológicos.
“A ALC detém enormes vantagens comparativas verdes, que oferecem oportunidades para novas indústrias e exportações. A região tem vasto potencial de energia renovável, é dotada de grandes reservas de lítio e cobre, que são utilizados em tecnologias verdes, e um capital natural abundante, e isso tudo é cada vez mais valorizado em um mundo onde o aquecimento global e a segurança energética estão se movendo para o centro das atenções”, declarou William Maloney, Economista-Chefe do Banco Mundial para a Região da América Latina e do Caribe.
O relatório propõe um conjunto de políticas que podem ajudar a aproveitar as oportunidades verdes de crescimento, como políticas de preço que incentivem a adoção de tecnologias de baixo carbono existentes, mudança nos subsídios para combustíveis fósseis, criação de impostos sobre as emissões de carbono e sistemas de comércio de emissões.
Alto índice de pobreza
Os índices de pobreza subiram para 27,5% em 2021 e ainda estão acima dos níveis pré-Covid de 25,6%, enquanto os prejuízos no aprendizado podem levar à redução de 10% em ganhos futuros para milhões de crianças em idade escolar.
Para evitar o retorno às baixas taxas de crescimento da década de 2010, os países da região precisam fazer as reformas estruturais há muito atrasadas e aproveitar as oportunidades oferecidas por uma economia mundial cada vez mais verde.
Momento de incertezas
“Estamos vivendo em um contexto global de grande incerteza, que pode afetar a recuperação pós-pandemia. Entretanto, no longo prazo, os desafios das mudanças climáticas se tornarão ainda mais preocupantes, nos obrigando a avançar urgentemente numa agenda de crescimento mais verde, inclusiva, e que aumente a produtividade,” declarou Carlos Felipe Jaramillo, Vice-Presidente do Banco Mundial para a região da América Latina e do Caribe.
Segundo o relatório, o avanço nas reformas para promover o crescimento em termos de infraestrutura, educação e inovação continua sendo primordial, e os principais investimentos devem ser financiados com maior eficiência de gastos e da mobilização de receitas.
Essas reformas tão necessárias devem responder às grandes forças que estão moldando a economia global, incluindo as mudanças climáticas.